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Iniciativa

Posted by Flor de Lotus on 16:13

Cansamos de ouvir dizer hoje que os colaboradores de uma empresa devem ter iniciativa como uma de suas competências chave. Somos perguntados sobre isso em entrevistas de seleção, que chegam a nos testar citando situações e nos perguntando como agiríamos. Somos cobrados por isso depois de contratados. Somos avaliados por isso. Mas embora iniciativa esteja quase sempre descrita em uma bela competência que geralmente menciona tomade de decisão, avaliação de riscos, responsabilidade e outras palavrinhas tão comuns na linguagem corporativa, o que diabos realmente significa iniciativa?

Segundo o dicionário on line Priberam (http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx):

iniciativa (s. f.) - acto daquele que é o primeiro a propor ou a pôr em prática uma ideia; por ext. actividade; diligência.
No Xadrez, significa o conceito estratégico segundo o qual um dos bandos está em condições de exercer pressão sobre o outro, mediante ameaças ou a preparação de um ataque. Diz-se que as brancas, por disporem do tempo de saída, têm a iniciativa natural, ou "pequena iniciativa" (www.clubedexadrez.com.br/portal/capelaxadrezclube/vocabulario_tecnico.htm)

E pro seu chefe? O que será que significa? Pois já vi mais de uma vez uma pessoa ser cobrada por iniciativa e, quando tem uma, ser questionada sobre isso com frases do tipo: Mas por que você fez isso sem me consultar? De onde se conclui que para alguns chefes iniciativa significa ter idéias, consultar o seu superior imediato e, se forme boas, deixar que ele as implante e carregue os louros. Ou que apenas aprove antes que você faça qualquer coisa.

Muita gente também confunde iniciativa com começar as coisas, mas iniciativa pressupões a tal da acabativa também, parodiando Stephen Kanitz, que reproduzo abaixo. Divirtam-se...

Isto é um teste de personalidade que poderá alterar
a sua vida. Portanto, preste muita atenção.
Iniciativa é a capacidade que todos nós temos de criar, iniciar projetos e conceber novas idéias.
Algumas pessoas têm muita iniciativa e outras têm pouca.
Acabativa, é um neologismo que significa a capacidade que algumas pessoas possuem de terminar aquilo que iniciaram ou concluir o que outros começaram. É a capacidade de colocar em prática uma idéia e levá-la até o fim.
Os seres humanos podem ser divididos em três grupos, dependendo do grau de iniciativa e acabativa de cada um: os empreendedores, os iniciativos e os acabativos - sem contar os burocratas.
* Empreendedores são aqueles que têm iniciativa e acabativa. Um seleto grupo que não se contenta em ficar na idéia e vai a campo implantá-la.
* Iniciativos são criativos, têm mil idéias, mas abominam a rotina necessária para colocá-las em prática. São filósofos, cientistas, professores, intelectuais e a maioria dos economistas. São famosas as histórias de economistas que nunca assinaram uma promissória. Acabativa é o ponto fraco desse grupo.
* Acabativos são aqueles que gostam de implantar projetos. Sua atenção vai mais para o detalhe do que para a teoria. Não se preocupam com o imenso tédio da repetição do dia-a-dia e não desanimam com as inúmeras frustrações da implantação. Nesse grupo está a maioria dos executivos, empresários, administradores e engenheiros.
Essa singela classificação explica muitas das contradições do mundo moderno.
Empresários descobrem rapidamente que ficar implantando suas próprias idéias é coisa de empreendedor egoísta. Limita o crescimento. Existem mais pessoas com excelentes idéias do que pessoas capazes de implantá-las. É por isso que empresários ficam ricos e intelectuais, professores - entre os quais me incluo - morrem pobres.
Se Bill Gates tivesse se restringido a implantar suas próprias idéias teria parado no Visual Basic. Ele fez fortuna porque foi hábil em implantar as idéias dos outros - dizem as más línguas que até copiou algumas.
Essa classificação explica porque intelectual normalmente odeia empresário, e vice-versa. Há uma enorme injustiça na medida em que os lucros fluem para quem implantou uma idéia, e não para quem a teve. Uma idéia somente no papel é letra morta, inútil para a sociedade como um todo.
Um dos problemas do Brasil é justamente a eterna predominância, em cargos de ministérios, de professores brilhantes e com iniciativa, mas com pouca ou nenhuma acabativa. Para o Brasil começar a dar certo, precisamos procurar valorizar mais os brasileiros com a capacidade de implantar nossas idéias. Tendemos a encarar o acabativo, o administrador, o executivo, o empresário como sendo parte do problema, quando na realidade eles são parte da solução.
Iniciativo almeja ser famoso, acabativo quer ser útil.
Mas a verdade é que a maioria dos intelectuais e iniciativos não tem o estômago para devotar uma vida inteira para fazer dia após dia, digamos bicicletas. O iniciativo vive mudando, testando, procurando coisas novas, e acaba tendo uma vida muito mais rica, mesmo que seja menos rentável.
Por isso, a esquerda intelectual e a direita neoliberal conviverão as turras, quando deveriam unir-se.
Se você tem iniciativa mas não tem acabativa, faça correndo um curso de administração ou tenha como sócio um acabativo. Há um ditado chinês, "Quem sabe e não faz, no fundo, não sabe" - muito apropriado para os dias de hoje.
Se você tem acabativa mas não tem iniciativa, faça um curso de criatividade, estude um pouco de teoria. Empresário que se vangloria de nunca ter estudado não serve de modelo. No fundo, a esquerda precisa da acabativa da direita, e a direita precisa das iniciativas da esquerda. Finalmente, se você não tem iniciativa nem tampouco acabativa, só podemos lhe dizer uma coisa: meus pêsames.
Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Editora Abril, Revista Veja, edição 1572, ano 31, nº 45, 11 de novembro de 1998, página 22

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Como as pontes são necessárias

Posted by Flor de Lotus on 15:18

Hoje é dia 22 de abril, no meio de dois feriados. Estou trabalhando, mas o dia corre preguiçoso. Aliás, corre é o que eu queria que acontecesse. Na verdade, se arrasta. O trânsito estava bom, claro. Mas no mais a cidade segue um pouco lenta, fantasmagórica até. Não acho que tantos feriados sejam bons para o país, que insiste em manter as tradições, incluindo a de não crescer... Porém, não seria excelente se pudéssemos trabalhar a distância em datas como essa? Ficaríamos mais satisfeitos de poder, no meio do dia de trabalho, almoçar com a família. Daria ate’, quem sabe, para tirar a sesta antes de voltar à labuta. Sem contar que economizaríamos o gasto de transporte, enquanto a empresa economizaria em luz, telefone, água, etc... Claro que trabalhar em casa requer disciplina e nem todos se adaptam. Há de ter uma boa noção de que, embora em casa, a coisa é séria e os horários devem ser planejados e respeitados. A flexibilidade não pode gerar confusão, e quem trabalha em casa precisa fazer com que os outros habitantes entendam e respeitem sua rotina. Eu mesma acho que seria uma excelente idéia, mas de vez em quando. Preciso ver gente, sabe? Preciso trocar idéias com outras pessoas, preciso de risos e olhares. Sou carente... mas também adoro poder me concentrar sem ter que colocar fones de ouvido por conta do barulho dos outros. E, sobretudo, adoraria poder acordar às 8:45 para começar a trabalhar às 9:00 na sala da minha casa!
Por enquanto, como não posso fazer isso, vou me resignando a esse dia devagar e vazio, chuvoso e chato, trabalhando no escritório mesmo...

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O que é isso, companheiro?

Posted by Flor de Lotus on 17:12

Você já se sentiu traído em sua empresa? Ou pelo menos meio burro? Incompreendido? Do tipo que leva esporro sem motivo da pessoa que te pediu para fazer algo – que você fez, no prazo – mas não era o que ela esperava? Ah, claro, acontece com todo mundo. Na maior parte das vezes o caso é de falha de comunicação. Como naquela brincadeira inocente chamada telefone sem fio. Só que no trabalho normalmente não tem graça nenhuma a distorção da frase...
Ok, sobrevivemos e aprendemos com isso, certo? Passamos a perguntar mais, alinhar, confirmar. O chefe te pede pra fazer a planilha xpto. E você diz: chefe, você quer dizer que quer que eu faça a planilha xpto? Parece coisa de retardado, mas nem sempre é simples assim. Mistérios da comunicação, que tem sempre umas áreas cinzentas, que estão na mente de quem pede mas não em seu discurso (e nem nos ouvidos de quem faz o que se pede). Vale confirmar sempre, o tal do double check. Até porque, se você confirmar e ficar com fama de lento, mas entregar o que se pede, é melhor do que ficar com fama de lento porque nunca consegue entender o que se pede...
Além disso há o desafio adicional de entrar na mente do chefe. Isso só se consegue com tempo, claro. E muita observação. Com o tempo vai se aprendendo qual a forma dele raciocinar, o que quer dizer com cada expressão, cada gesto. É um árduo exercício...
Vale uma boa conversa com alguém que trabalhe com o chefe há mais tempo, alguém de confiança que ajude a compreender o modus operandi do chefe. Ou simplesmente observar o modo como os mais experientes o abordam. Serve para aprender o que fazer e o que evitar. A observação sempre nos ensina algo, e perceber o humor do chefe antes de entrar em sua sala também vale à pena. Planejar seu discurso conforme o humor percebido pode ser interessante.
Se nada der certo, pode ser então que o problema não seja de comunicação e sim de compatibilidade... mas aí é outra história...

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