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Atendimento I

Posted by Flor de Lotus on 06:18
Outro dia liguei pro helpdesk para pedir orientação sobre impressão frente e verso. Preocupada que estava com as árvores, resolvi que podia imprimir um documento em ambos os lados do papel para economizar umas árvores. Liguei para pedir ajuda:
- Bom dia. Queria saber como configurar minha impressora para imprimir frente e verso.
- Pois não, senhora. A senhora está na frente do computador?
- Sim.
- Está com o documento que deseja imprimir aberto?
- sim
- Clique em imprimir
- Ok
- A senhora está vendo algum botão que permita impressão frente e verso?
- Não! Claro que não. Se estivesse vendo não tinha ligado pra pedir ajuda, oras!
Surreal, não é? O atendente não sabia como fazer também e acabei tendo que imprimir de um lado só. Depois não me culpem pelo desmatamento da Amazônia!

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Volta ao jardim de infância

Posted by Flor de Lotus on 05:42

Às vezes, quando estou trabalhando, me sinto de volta ao jardim de infância. Algumas pessoas têm o comportamento típico dessa fase da vida. Já vi gente que fica com raiva do colega de trabalho e, como não consegue reagir nem resolver, fica de mal. E assim segue trabalhando com a tal pessoa sem cumprimentar, sem manter comunicação e prejudicando o trabalho e o clima.

Já vi os que fazem planos infalíveis para sabotar projetos alheios apenas porque gostariam de estar lá e não estão. Mais uma vez sua satisfação pessoal de vingança se sobrepondo ao bem comum. Comum pra quem? - o vingativo vai me perguntar. Comum como coletivo, embora não seja o melhor para todos...

Muito tempo atrás trabalhei numa seção que tinha um homem com pouco mais de 40 anos e umas quarenta pessoas com idade até o teto de 25 anos. O mais velho era meio surdo e bravo. Os mais novos implicavam com ele o tempo todo. Um dia eu estava conversando com o mais velho quando começaram as piadinhas com o seu nome e uma chuva de elásticos sobre nós. O mais velho não titubeou. Lançou longe um grampeador pesado – um contraste como ele próprio era naquela seção – sobre um grupinho que imitava um coro de patos chamando seu nome. Foi uma comoção. Consegue imaginar uma cena dessas? Um grampeador voando entre as cabeças? Um horror...

A melhor de todas foi um amigo meu que tirou uma foto 3X4 de costas porque não concordava em ter que fazer uma tal carteirinha que o seu empregador estava pedindo. Foi surreal aquela foto. E o melhor foi o espanto do fotógrafo na hora de tirar a foto... A carteirinha o meu amigo ostenta com orgulho até hoje...

Uma vez eu mesma tive um transe infantil. Um rapaz que trabalhava comigo tinha levado dois ratinhos de estimação (não parece aquele dia na escolinha que você pode levar o seu bichinho?) e veio me mostrar, em pleno horário de expediente. Eu não resisti e peguei os bichinhos. Um deles mordeu meu delo e eu gritei – um grito fenomenal, ouvido no quarteirão inteiro – e joguei o bicho longe. Resultado: levamos uma mega bronca e o rato – coitado, que Deus o tenha – morreu. O dono dele nunca me perdoou...

São tantas histórias que deveriam estar num ambiente escolar e infantil, não é? Não que as pessoas não possam ter um comportamento da tenra idade de vez em quando, mas o ambiente corporativo é implacável... Acho que é esquizofrenia mesmo, né?

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Frases do caminhão corporativo

Posted by Flor de Lotus on 19:15

Para amenizar os ânimos, publico uma coletânea de frases que surgiram em reuniões de trabalho. Divirta-se se for capaz...

Aqui manda quem pode e obedece quem tem carnê pra pagar.

A gente ensina a nadar jogando na piscina.

O problema das pessoas é que elas são gente.

Gerentes infelizes não gerenciam pessoas felizes.

A prática é o critério da verdade.

O maior cego é o que não quer rever.

Explica de novo porque o tico está fazendo respiração boca a boca no teco!

Precisamos de um olhar de helicóptero.

Estamos vivendo a tirania das metas.

Para quem não tem nada, metade é o dobro.

Este projeto ainda está no querida mamãe.

Sem patrocínio não se chupa nem um chicabom.

Pato novo não mergulha fundo.

Uma coisa é o parto e a outra é o berçário...

Pelo menos as reuniões são divertidas, né? Se a sua empresa fosse um caminhão, que frase estaria nele?

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Out of topic: Justiça

Posted by Flor de Lotus on 02:23
Hoje saio um pouco do tema corporativo para falar de um assunto que está em todos os jornais e na boca de todos os que ainda conseguem comentar o assunto. Perdoem, mas preciso comentar.

Acredito que a comoção pública é algo necessário e importante. Ela grita algo que é o desejo da população e faz a voz por justiça que fica na garganta calada de muitos. Por vezes é ela que impulsiona a decisão desejada pelas pessoas ditas comuns, mas que normalmente as incomuns demorariam a tomar.

Ocorre, porém, que a excessiva comoção em torno do caso Isabella Nardoni me assusta. Várias pessoas fazendo plantão na porta da delegacia no dia do depoimento dos envolvidos com seus gritos de guerra, acompanhando tudo como se sua própria vida dependesse daquilo. Ou na porta do prédio onde os acusados estavam aguardando sua prisão preventiva como quem assiste a final de um jogo de futebol. Julgando e condenado antes mesmo que a polícia conseguisse concluir o inquérito. Cuspindo agressividades como que grita gol.

Claro que também tenho minha opinião sobre o caso. Claro que também quero justiça. E como grande fã de CSI, fiquei orgulhosa de a polícia usar provas técnicas para indiciar o pai e a madrasta da menina. Como se diz no seriado mencionado, as provas não mentem. Mas daí a ficar em praça pública torcendo e vibrando com as cabeças sendo cortadas pela guilhotina, aí é demais pra mim. Sinto uma coisa bárbara, primitiva, nessas reações populares exacerbadas. E me preocupa porque me pergunto – tal qual os investigadores do crime – o que motiva essa revolta ancestral.

A resposta para mim parece simples e óbvia. E até um pouco reconfortante. Foi um crime bárbaro envolvendo uma criança. E crianças não devem passar por isso. Elas devem crescer, se desenvolver e ter chances de ser felizes. Mas apesar disso, várias crianças morreram de dengue e ninguém se revoltou assim, salvo os parentes dos mortos. O que revolta nesse caso é o fato de o pai ser acusado de matar a própria filha. A sociedade não consegue aceitar isso. E o que me conforta é que se não somos capazes de aceitar isso e porque ainda temos salvação nesse nosso louco mundo.

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